por Guto Maia
>>>Quero comer o que escrevo até me empanturrar. Até virar suco do que escrevo e não mais me reconhecer. Para isso, leio sem parar, tudo que me cai nas mãos. Recentemente, descobri o prazer de ler na tela. Maravilhoso. Sempre é preciso tempo, esse algoz e cúmplice, (depende, se estamos de frente ou de costas pra ele, se estamos indo ou voltando. Correndo atrás ou dele), que é o bem mais precioso que prezo e de que nem sempre disponho. E, também o mais desperdiçado por ai, no trânsito, nas filas, nos quartos sombrios, nas relações sem futuro, nas faculdades incompletadas por engano... Tempo de aprender, tempo de plantar, amadurecer, renascer... Então, cato mais um pouco do seu tempo aqui, outro pedaço ali, de alguém que o esqueceu, outro, que ninguém viu passar, outro rasgado que ninguém quis acolá; e vou juntando tudo numa colcha de retalhos de pensamentos, um patchwork colorido de lembranças que vira um tecido de sentimento, dou um acabamento e, pronto!, um pedaço de vida que parece novo. Um dedo de prosa a mais, na costura, uma boa risada, uma lágrima que ninguém viu... E vem o arremate. Feito o acabamento, mostro o resultado, orgulhoso e, às vezes, até emocionado - coisa besta de quem escreve e quer ser lido, e alguém falará: "puxa isso parece que fui eu que escrevi! Tem tudo a ver comigo. É a minha cara!". Ai, penso: "eu, que achava que estava sendo original..." Como sou burro.
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